terça-feira, 21 de agosto de 2007

Ética Médica - Vamos Falar de Ética


Ética Médica é a disciplina que avalia os méritos, riscos e preocupações sociais das atividades no campo da Medicina, levando em consideração a moral vigente em determinado tempo e local. No Brasil, as normas que determinam a ética profissional estão no Código de Ética Médica determinado pelo Conselho Federal de Medicina.

Dilemas Éticos na Medicina
Estes princípios podem não dar respostas simples em situações específicas, mas servem para nortear os médicos em circunstâncias reais. Em algumas, podem ser antagônicos, levando a dilemas éticos como a eutanásia, o aborto, a negativa de receber tratamento em situações de emergência (como transfusão de sangue) e informar pacientes que não estão psicologicamente preparados para tais informações (como em doenças graves e o risco de efeito nocebo em hipocondríacos).

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Textos e comentários sobre Ética compilados por Pablo Fabiano Barcellos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Bioética - Vamos Falar de Ética


Bioética é o estudo transdisciplinar entre biologia, medicina e filosofia (dessa, especialmente as disciplina da ética, da moral e da metafísica), que investiga todas as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana (em geral) e da pessoa (em particular). Considera, portanto, a responsabilidade moral de cientistas em suas pesquisas, bem como de suas aplicações. São temas dessa área, questões delicadas como a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, e os transgênicos.

História
"Bioética" é um neologismo construido a partir das palavras gregas bios (vida) + ethiké (ética). As diretrizes filosóficas dessa área começaram a surgir após a tragédia do holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da Ciência, criam um código para limitar os estudos relacionados. Formula-se aí também a idéia que a ciência não é mais importante que o homem. O progresso técnico deve ser controlado e acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter no mundo e na sociedade para que as novas descobertas e suas aplicações não fiquem sujeitas a todo tipo de interesse.

O termo foi mencionado pela primeira vez nos anos 70, em um artigo do oncologista e biólogo americano Van R. Potter (The science of survival); pouco tempo depois, uma abordagem mais incisiva da disciplina foi feita pelo obstetra holandês Hellegers.

Mais que uma meta-ética, a bioética transpõe-se a um movimento cultural: é neste humanismo que se pode englobar conceitos entre o prático biodireito e o teórico biopoder. É desta maneira que sua constantemente revisão e actualização se torna uma característica fundamental.

**Textos e comentários sobre Ética compilados por Pablo Fabiano Barcellos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Educação, Jornalismo e Internet com Ética - Vamos Falar de Ética

Ética na educação tem como objetivo formar um indivíduo consciente de seus deveres e direitos dentro de uma sociedade.

A Ética Jornalística é o conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo. Ela se refere à conduta desejável esperada do profissional.

Ética na Internet

O acesso a um grande número de informações disponível às pessoas, com ideias e culturas diferentes, pode influenciar o desenvolvimento moral e social das pessoas. A criação dessa rede beneficia em muito a globalização, mas também cria a interferência de informações entre culturas distintas, mudando assim a forma de pensar das pessoas. Isso pode acarretar tanto uma melhora quanto um declínio dos conceitos da sociedade, tudo dependendo das informações existentes na Internet.[4]

Essa praticidade em disseminar informações na Internet contribui para que as pessoas tenham o acesso a elas, sobre diversos assuntos e diferentes pontos de vista. Mas nem todas as informações encontradas na Internet podem ser verídicas. Existe uma grande força no termo "liberdade de expressão" quando se fala de Internet, e isso possibilita a qualquer indivíduo um pouco mal-intencionado publicar informações ilusórias sobre algum assunto, prejudicando, assim, a consistência dos dados disponíveis na rede.[5]

Um outro facto relevante sobre a Internet é o plágio, já que é muito comum as pessoas copiarem o material disponível. "O plagiador raramente melhora algo e, pior, não atualiza o material que copiou. O plagiador é um ente daninho que não colabora para deixar a Internet mais rica; ao contrário, gera cópias degradadas e desatualizadas de material que já existe, tornando mais difícil encontrar a informação completa e atual"[6] Ao fazer uma cópia de um material da Internet, deve-se ter em vista um possível melhoramento do material, e, melhor, fazer citações sobre o verdadeiro autor, tentando-se, assim, ao máximo, transformar a Internet num meio seguro de informações.

Nesse consenso, o usuário da Internet deve ter um mínimo de ética, e tentar, sempre que possível, colaborar para o desenvolvimento da mesma. O usuário pode colaborar, tanto publicando informações úteis ou melhorando informações já existentes, quanto preservando a integridade desse conjunto. Ele deve ter em mente que algum dia precisará de informações e será lesado se essas informações forem ilusórias.


**Textos e comentários sobre Ética compilados por Pablo Fabiano Barcellos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Estudo de Ética - Vamos Falar de Ética

Ética
A ética (palavra originada diretamente do latim ethica, e indiretamente do grego ηθική, ethiké) é um ramo da filosofia, e um sub-ramo da axiologia, que estuda a natureza do que é considerado adequado e moralmente correto. Pode-se afirmar também que Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana.

Doutrina
Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia (espaço) Antiga (tempo) possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje (tempo) na Europa (espaço), por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas conseqüências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Além de tudo ser Ético é fazer algo que te beneficie e, no mínimo, não prejudique o "outro".

Estudo da ética
A ética pode ser interpretada como um termo genérico que designa aquilo que é freqüentemente descrito como a "ciência da moralidade", seu significado derivado do grego, quer dizer 'Morada da Alma', isto é, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade, os antigos diziam que: o que é bom para a leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à gazela, fatalmente não será bom à leoa. Este é um dilema ético típico.

Portanto, a ética juntamente a outras áreas tradicionais de investigação filosófica, e devidas subjetividades típicas em si, ao lado da metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objetivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo. Os filósofos antigos adotaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação". Nesta o que está certo depende das circunstâncias e não de uma qualquer lei geral. E sobre se a bondade é determinada pelos resultados da ação ou pelos meios pelos quais os resultados são alcançados.

O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa.


Visão
A ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e Marxismo.

Também tem sido aplicada à estrutura da família, à sexualidade, e como a sociedade vê o papel dos indivíduos, conduzindo a campos da ética muito distintos e não-relacionados, como o feminismo e a guerra, por exemplo.

A visão descritiva da ética é moderna e, de muitas maneiras, mais empírica sob a filosofia Grega clássica, especialmente Aristóteles.

Inicialmente, é necessário definir uma sentença ética, também conhecido como uma afirmativa normativa. Trata-se de um juízo positivo ou negativo (em termos morais) de alguma coisa.

Sentenças éticas são frases que usam palavras como bom, mau, certo, errado, moral, imoral, etc.

Aqui vão alguns exemplos:

  • “Salomão é uma boa pessoa”
  • “As pessoas não devem roubar”
  • “A honestidade é uma virtude”
Em contraste, uma frase não-ética precisa ser uma sentença que não serve para uma avaliação moral. Alguns exemplos são:

  • “Salomão é uma pessoa alta”
  • “As pessoas se deslocam nas ruas”
  • "João é o chefe".

Ética na educação tem como objetivo formar um indivíduo consciente de seus deveres e direitos dentro de uma sociedade.

A Ética Jornalística é o conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo. Ela se refere à conduta desejável esperada do profissional.


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Textos e comentários sobre Ética compilados por Pablo Fabiano Barcellos.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vamos Falar de Ética

O título do programa desenvolvido pela Junior Achievement é muito sugestivo, considerando-se, principalmente, o contexto atual.

Este é um dos tantos programas da Junior Achievement, os quais, em sua maioria, tratam de empreendedorismo e de negócios, temas abordados desde o ensino fundamental. Surpreendemo-nos com crianças de 11 anos que abordam assuntos como marketing e propaganda com a desenvoltura de um adulto. Sempre acreditamos que eles  não se encontram preparados para a abordagem de tais temas. E sempre nos enganamos.

O mesmo acontece com o programa “Vamos Falar de Ética”. A forma como foi concebido o torna agradável e dinâmico. Costumamos falar que o programa aborda a ética na prática. Ou seja: são abordadas e discutidas situações do dia-a-dia, ações que não necessitam discussões filosóficas para avaliarmos se são éticas ou não. Muitas vezes estamos tão acostumados em lidar com certas situações que nos exigem rápidas decisões, e que exigem uma reflexão ética, que nem nos apercebemos o peso que elas representam, ou a importância para a construção do nosso caráter.

Os jovens, mais uma vez, nos surpreendem. O programa é destinado a estudantes do ensino médio, do 1º ao 3º ano, que discutem questões como compra de dvd piratas, a prática da cola nas provas, de furar a fila em busca de uma vaga na escola, de obter, de forma escusa, atestado médico para justificar faltas, e vai por aí. Para eles está bem clara a distinção entre o certo e o errado. E o programa é importante porque coloca às claras esses pequenos (pequenos?) atos ilícitos que podemos praticar no dia-a-dia, e que nos colocam frente a decisões que mostrarão a base do nosso caráter.

O assunto vem bem a propósito, diante da constatação de práticas fraudulentas dos nossos governantes, em todos os poderes, e da forma imoral e/ou amoral com que abrem suas caixas negras, provocando um misto de arrependimento, raiva e desprezo nos eleitores, mesmo que esses personagens grotescos não tenham recebido seu voto. Afinal, é o País que está sendo ferido. Ao mesmo tempo, podemos considerar que cada personagem maculado que surge contribui de forma decisiva e inequívoca para denegrir a imagem que queremos construir do Brasil no mundo. Temos certeza, também, que esses personagens contribuem para a construção do inconsciente coletivo, e com seu exemplo, podem atordoar e distorcer a mente em construção de jovens que, logo, logo, deverão decidir o futuro de uma família, de uma empresa, de uma comunidade.

O programa “Vamos Falar de Ética”, considerando o pouco tempo de aplicação (5h/aulas) se propõe a abrir uma linha de discussão que poderá ser ampliada em sala de aula, nas demais disciplinas do currículo, visto que o tema ética, se não for o título de uma disciplina, perpassa todas as demais. Em algumas escolas o tema ética está sendo discutido nas aulas de filosofia, ensino religioso, português e sociologia. Ouvi o depoimento de um professor de Português, com 20 anos de atuação no ensino público, que fez questão de assistir ao debate dos estudantes e considerou oportuna continuar a discussão em sua disciplina, pois era tópico das aulas daquela semana.

Para os voluntários que aplicam o programa tem sido uma oportunidade de solidificar seus conceitos éticos, rever seus valores e retornar ao seu âmbito profissional revigorados, abertos e dispostos a reafirmar a proposta que o título propõe: Colegas, amigos, vamos falar de ética! Pois sempre é tempo e oportuno relembrar o que ouvimos de nossos pais, de nossos mestres e de orientadores. Sempre é válido analisar e rever nossa escala de valores. E a todo o momento devemos reafirmar nosso propósito de contribuir para uma visão ética e moral dos nossos jovens, pois são raras as oportunidades de entrarmos em uma sala de aula, com adolescentes de 15, 16 e 17 anos, podendo abrir uma discussão saudável e, muito mais, obtermos a oportunidade de ouvi-los, para depois levar conosco pequenas histórias e depoimentos de quem pensa e que, talvez, pensássemos que não pensavam...


Julho de 2007

Olívia Völker Rauter
Executiva da Junior Achievement do DF

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ética e Moral - Vamos Falar de Ética

Considerando a tensão de uma outra dualidade, e ética e a moral. Talvez a etimologia das palavras ética e moral iluminem essa complexidade.

Ethos - ética, em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si.

Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.

Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade. Todos estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma moradia permanente.

O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. È sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra... Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.

Quando o permanente e o mutável se casam, surge uma ética verdadeiramente humana.

Moral, do latim mos, mores, designa os costumes e as tradições. Quando um modo de se organizar a casa é considerado bom a ponto de ser uma referência coletiva e ser reproduzido constantemente, surge então uma tradição e um estilo arquitetônico. Assistimos, ao nível dos comportamentos humanos, ao nascimento da moral.

Nesse sentido, moral está ligada a costumes e a tradições específicas de cada povo, vinculada a um sistema de valores, próprio de cada cultura e de cada caminho espiritual.

Por sua natureza, a moral é sempre plural. Exis­tem muitas morais, tantas quantas culturas e estilos de casa. A moral dos yanomamis é diferente da moral dos garimpeiros. Existem morais de grupos dentro de uma mesma cultura: são diferentes a moral do empresário, que visa o lucro, e a moral do operário, que procura o aumento de salário. Aqui se trata da moral de classe. Existem as morais das várias profissões: dos médicos, dos advogados, dos comerciantes, dos psicanalistas, dos pa­dres, dos catadores de lixo, entre outras. Todas essas morais têm de estar a serviço da ética. De­vem ajudar a tornar habitável a moradia humana, a inteira sociedade e a casa comum, o planeta Terra.

Existem sistemas morais que permanecem inalterados por séculos. São renovadamente reproduzidos e vividos por determinadas populações ou regiões culturais. Assim, a poligamia entre os árabes e a monogamia das culturas ocidentais. Por sua natureza, a moral se concretiza como um sistema fechado.

De que forma se articulam a ética e a moral? Respondemos simplesmente: a ética assume a moral, quer dizer, o sistema fechado de valores vigentes e de tradições comportamentais. Ela res­peita o enraizamento necessário de cada ser humano na realização de sua vida, para que não fique dependurada nas nuvens.

Mas a ética introduz uma operação necessária: abre esse enraizamento. Está atenta às mudanças históricas, às mentalidades e às sensibilidades cambiáveis, aos novos desafios derivados das transformações sociais. Ela impõe exigências a fim de tornar a moradia humana mais honesta e saudável. A ética acolhe transformações e mudan­ças que atendam a essas exigências. Sem essa abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo.

A ética, portanto, desinstala a moral. Impede que ela se feche sobre si mesma. Obriga-a à constante renovação no sentido de garantir a habitabi­lidade e a sustentabilidade da moradia humana: pessoal, social e planetária.

Concluindo, podemos dizer: a moral repre­senta um conjunto de atos, repetidos, tradicionais, consagrados. A ética corporifica um conjunto de atitudes que vão além desses atos. O ato é sempre concreto e fechado em si mesmo. A atitude é sempre aberta à vida com suas incontáveis possi­bilidades. A ética nos possibilita a coragem de abandonar elementos obsoletos das várias morais.Confere-nos a ousadia de assumir, com respon­sabilidade, novas posturas, de projetar novos va­lores, não por modismo, mas como serviço à moradia humana.

Não basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre também sermos éticos, quer di­zer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservação da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito à dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor à verdade, da compaixão para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate à corrupção, à violência e à guerra. Valores que nos tornam sensíveis ao novo que emerge, com responsabilidade, serieda­de e sentido de contemporaneidade.

Há pessoas que insistem em morar em suas casas antigas, sem delas cuidar e sem adaptá-las às novas necessidades. Elas deixam de ser o que de­veriam ser: aconchegantes, protetoras e funcio­nais. É a moral desgarrada da ética. A ética convida a reformar a casa para torná-la novamente caloro­sa e útil como habitação humana. Como o filóso­fo grego Heráclito dizia: "a ética é o anjo protetor do ser humano".

Por essa atitude ética, os atos morais acompa­nham a dinâmica da vida. A moral deve renovar­-se permanentemente sob a orientação e a hege­monia da ética. Cabe à ética garantir a moradia humana, sob diferentes estilos, para que seja efe­tivamente habitável.

*Texto retirado do Livro "A águia e a galinha" de Leonardo Boff
Ed. Vozes - Págs. 90-96

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ética - Vamos Falar de Ética

“Nenhum homem é uma ilha”. Esta famosa frase do filósofo inglês Thomas Morus, ajuda-nos a compreender que a vida humana é convívio. Para o ser humano viver é conviver. É justamente na convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e se realiza enquanto um ser moral e ético. É na relação com o outro que surgem os problemas e as indagações morais: o que devo fazer? Como agir em determinada situação? Como comportar-me perante o outro? Diante da corrupção e das injustiças, o que fazer?

Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações que nos colocam problemas morais. São problemas práticos e concretos da nossa vida em sociedade, ou seja, problemas que dizem respeito às nossas decisões, escolhas, ações e comportamentos - os quais exigem uma avaliação, um julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom ou mau, justo ou injusto, certo ou errado, pela moral vigente.

O problema é que não costumamos refletir e buscar os “porquês” de nossas escolhas, dos comportamentos, dos valores. Agimos por força do hábito, dos costumes e da tradição, tendendo à naturalizar a realidade social, política, econômica e cultural. Com isto, perdemos nossa capacidade crítica diante da realidade. Em outras palavras, não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem buscamos compreender e explicitar a nossa realidade moral.

Na vida pública, exemplos é o que não faltam na nossa história recente: “anões do orçamento”, impeachment de presidente por corrupção, compras de parlamentares para a reeleição, os medicamentos, máfia do crime organizado, desvio do Fundef, etc. etc.

Não sem motivos fala-se numa crise ética, já que tal realidade não pode ser reduzida tão somente ao campo político-econômico. Envolve questões de valor, de convivência, de consciência, de justiça. Envolve vidas humanas. Onde há vida humana em jogo, impõem-se necessariamente um problema ético. O homem, enquanto ser ético, enxerga o seu semelhante, não lhe é indiferente.